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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A ilusão do Pseudo-poder

Em duas oportunidades percebi de maneira quase caricata como as pessoas se transformam quando acham que conquistaram algum tipo de poder. Independente se esse for de influência, status, hierárquico ou econômico.
A primeira foi quando trabalhava em call center, como tele atendente. Sempre que um operador destacava-se, assumia a função de supervisão nas férias do titular ou em momentos de ausência deste (almoço, reuniões e afins).
Importante frisar o quanto ficava claro a todos que essa função era apenas temporária e servia como apoio ao supervisor, que no retorno devolvia o cargo original à pessoa que estava cobrindo.
Nesse período era líquido e certo que no mínimo metade dos apoios começavam a considerarem-se superiores. Em seus limitados entendimentos risivelmente acreditavam deter algum tipo de poder e começavam a agir de forma arrogante. Muitos humilhavam, xingavam e até ameaçavam os colegas de função, mesmo sabendo que alguns minutos depois estariam novamente sentados em suas antigas posições de atendimento, ao lado dos xingados.
Meu pai desde criança repetiu a célebre frase: “quer conhecer uma pessoa, dê-lhe poder”. E sempre que isso acontecia, eu me lembrava. As pessoas abrupta e afoitamente desmascaram-se mostrando seu verdadeiro lado egoísta e arrogante.
Não é pela falta de maturidade, pois tem muita gente nova que sabe o valor da humildade. É uma questão de caráter. Muitos se corrompem antes mesmo de receber o bônus, e na maioria dos casos ficam apenas com o ônus.
Eram despreparados profissional e emocionalmente para exercer qualquer tipo de poder, pois com uma pseudo oportunidade já pecaram.
O segundo caso foi na última empresa em que trabalhei como funcionário, também voltada à prestação de serviços, mas com um viés totalmente diferente.
Entrei na empresa para efetuar uma tarefa, mas devido à experiência que trazia de empregos anteriores, acabei ajudando muita gente em outras áreas. Dentre elas uma colega que já tinha alguns anos de casa.
Através de trabalho conjunto orientei como deveria proceder em muitas situações, articulamos para desenvolver a produtividade de muitas áreas e onde envolveríamos muita gente. Quando alguns resultados começaram a ser vislumbrados a possibilidade de uma promoção se desenhou.
Nesse momento sentamos e conversamos. Eu disse que pretendia sair em pouco tempo para trabalhar no negócio da família e que daria total apoio à ela, inclusive recomendando-a à promoção.
Depois de poucos meses foi promovida. Ela não tinha competência para tal, mas enquanto colega demonstrava-se esforçada, humilde e comprometida. No dia seguinte a promoção suas unhas cresceram, virou as costas para mim e os demais que a haviam auxiliado, tomando para si todo e qualquer mérito e despejando a culpa de todos os fracassos em nós.
Como havia me programado para sair, não me preocupei. Ela tomou o cuidado de manter-me sempre sobre sua tutela até ter carta branca e me demitir (ao menos no final fez o que havia prometido). Mas continuou sua devastadora trilha de pseudo poder, achando que podia mais que o dono do negócio.
A consequência é que quando a pressão apertou, ela tirou uma desculpa da manga e foi embora trocando até de cidade.
Fato é a mediocridade de pessoas que pelo simples acontecimento de ganharem algum tipo de poder, ilusório ou real, entendem-se superiores e no direito de pisar ou tentar minimizar alguém. Isso é bem comum no universo corporativo e existem muitos casos onde quem pratica não recebe a pena merecida por um tempo, até que o mercado caprichosamente coloque um chefe perspicaz que sumariamente faça o favor de colocar esses seres detestáveis em seus respectivos lugares.
Morte profissional aos mascarados sem humildade!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 03.08.2013 
Editado/corrigido por Josiane Brustolin

@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br