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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Demissão

 
Para muitos empresários e chefes demitir é uma tarefa simples e fácil. Inclusive alguns até gostam por se sentirem mais poderosos.
Quando trabalhei em Call Center participei do processo demissional de mais de 300 pessoas em um único dia. Confesso que não foi nem um pouco traumatizante.
Ocorre, porém, que quando o desligamento acontece em um universo menor, em empresas de pequeno porte com menos de 30 funcionários, por exemplo, a situação é extremamente delicada.
Não gosto de demitir! Normalmente o funcionário depende dessa renda para subsistir e quando a perde, se desespera.
Quando preciso abrir mão de alguém, pondero muito considerando o fator humano, a necessidade e o valor que essa pessoa dá ao que tem. Converso por muito tempo, pontualmente, tentando orientar quanto a como gostaria que o resultado fosse entregue, os pontos que não me satisfazem e as qualidades a serem reforçadas.
Há um ditado que diz: “Bom funcionário não é demitido”. Será? E se ele não for bom para minha empresa naquele momento? Ou se simplesmente não se adaptou a metodologia de trabalho atual? Quem garante que o mesmo não será extremamente produtivo em outro lugar ou ramo?
Mas é fato que chega um momento em que, ou por custo elevado ou por insatisfação com o resultado, não resta alternativa a não ser o fim do vínculo.
Mesmo nesses casos, fico triste. Preocupo-me ao pensar em como essa pessoa se recolocará no mercado e como se sentirá perante mim e minha empresa.
Sei que tentei conversar, mudar, adequar e melhorar para que não fosse necessário chegar a algo tão drástico, mas a tristeza e preocupação teimam em me açoitar.
É bem verdade que alguns aproveitam o “chacoalhão” para melhorar, mudar e finalmente enveredar por áreas onde de fato se ajustem, mas isso não chega a alentar.
Talvez, enquanto administrador devesse ser mais frio e considerar apenas que se um funcionário não está de acordo com as expectativas e que, apesar das tentativas, não deu certo e não havendo outro caminho senão a demissão. Atuando de forma normal e natural.
Só que desvincular-se de alguém que se convive por muito tempo, onde sonhos; planos; intimidades; brincadeiras; rotinas e lugares comuns são compartilhados é pesaroso para mim.
Não fujo da responsabilidade por ser difícil, mas seria tão bom se todo funcionário demitido soubesse o quanto eu e certamente muitos outros se preocupam com o futuro das pessoas que estão saindo...
Ossos do ofício, ônus da função. Enquanto muitos pedem para sair mediante atitudes inadmissíveis, outros apenas não se adéquam mais a filosofia ou necessidade. A verdade é que sempre espero o melhor para os que estão e para os que já não fazem mais parte da equipe.
Ao mesmo tempo, outra oportunidade se abre para alguém ser recolocado e continuar a roda. O universo é sempre matemático. Enfim... Quem disse que administrar e empreender é fácil?

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 14.09.2013 
Editado/corrigido por Julio Puglia
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

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