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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Não existe cafezinho grátis



Não existe cafezinho, nem almoço, nem o que quer que seja. Nada é de graça nesse mundo. Nem gestos. 
Atualmente, ocorre na cidade uma campanha por isenção de passagens para estudantes. Estes, muito mal orientados, ou pior, bem orientados por pessoas mal intencionadas, estão reivindicando passagem grátis para quem estuda. 
Grátis? 
A alegação é a de que ninguém será prejudicado. A prefeitura isentará de impostos a empresa de transportes que em contrapartida repassará a isenção em forma de transporte sem custo aos estudantes. 
Eu não entendo se é má fé ou se realmente os manifestantes não entendem as implicações disso. 
Há uma conta "x" a ser paga pelo município (e aqui não entrarei no mérito se estas contas estão altas demais ou não, nem se as contas estão corretas) e o dinheiro vem do povo, mediante arrecadações de impostos. 
Se o município não arrecada a quantidade "x" de recursos, não paga todas as suas contas, o que gera dívida com juros, e isso reflete em mais escassez de dinheiro na administração pública. 
Ou seja, segurança, saúde, educação e todo o resto custeado pelo município, terá menos recurso. 
E mesmo que aleguem que a quantidade de recursos não arrecadada nesses impostos seja insignificante frente ao orçamento municipal, ela terá que ser cobrada de outra forma, de outro lugar. 
Se as passagens não forem cobradas dos estudantes, não importa o que digam, serão cobradas em outro tipo de imposto de outras pessoas e mesmo dos estudantes. 
A conta precisa ser paga. 
Ocorre que hoje a maioria da população não se preocupa genuinamente com o coletivo. Entendem que o paternalismo e assistencialismo tem o dever de custear as coisas para as classes menos favorecidas como se elas fossem atrofiadas e não pudessem gerar recursos para se manterem. Pensam em si. 
"Tendo para mim, eu não pagando passagem, tá valendo!" 
Foi o que ouvi de um aluno. Mesmo eu tentando explicar que essa conta seria paga por ele de outra forma com outros impostos ou que outras pessoas pagariam a mais em muitas outras coisas para que ele tenha esse direito, foi feito cara de desdém. 
"Isso não é problema meu. A empresa não pagando imposto ela não tem prejuízo e pode dar passagem de graça pros alunos". 
O povo só quer lograr vantagem. Quer que uns trabalhem e produzam e gerem riqueza para que muitos vadiem, recebam, ganhem do governo e da administração pública. 
Aliás, público é isso, não é seu ou meu, é público, é de todos. E beneficiar uma pequena fatia da população com recurso de todos, pesando ainda mais a já insustentável carga tributária desse cambaleante país é um ultraje. 
Pegar todo o dinheiro de quem trabalha, durante seis meses, para ficar pagando passagens e outras coisas que não são utilizadas por quem paga, como SUS ou segurança, não tem cabimento. 
Pagamos altos impostos para dar esse horror de benefício a quem se entende no direito, e ainda pagamos saúde a parte, segurança a parte, educação particular, pavimentação própria, etc. 
Então para que serve o dinheiro público? Então alguns poucos devem trabalhar para que muitos vivam na vadiagem? Não seria melhor se todos trabalhassem e gerassem riqueza da mesma forma? 
Voltando ao assunto, a passagem não será grátis! Esse custo sairá do seu bolso, hoje ou amanhã. Ou do bolso de sua família e afetará sua renda familiar de qualquer forma. 
Acorde! Não existe cafezinho grátis.


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 18.06.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br     

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