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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Todo mundo é corruptível!



Já conversei com muita gente que fala mal dos políticos ou de pessoas gananciosas com uma indignação preocupante. O discurso é sempre o mesmo: dizem que eles são corruptos, que praticam ultrajes por dinheiro, que são mercenários, etc.
Quando a conversa desenvolve, começo a questionar essas pessoas quanto as suas convicções concernentes a valor e caráter e todos sucumbem, sem exceção!
Os questionamentos na verdade são bem simples e objetivos. A pergunta é uma só. Se você fala mal dos corruptos com tanta voracidade e sede de punição então significa que não é corrupto também? A resposta é sempre afirmativa.
Isso significa que as pessoas não se corrompem pelo que quer que seja. Seguindo o raciocínio normal dos interlocutores, se são sedentamente contra corruptos é porque condenam toda e qualquer prática de corrupção.
Vou citar dois exemplos clássicos de conhecidos que se diziam incorruptíveis e que foram desmascarados:

O primeiro exemplo disse que jamais se venderia pelo que quer que fosse. Perguntei quanto pagaria por uma garrafa de água em um show do rock in rio. Respondeu-me que até R$ 10,00. E se fosse à Disney? R$ 15,00. E se fosse a uma excursão no Egito? R$ 20,00. Em Dubai? R$ 25,00.
Depois de construir todo esse raciocínio de precificação na cabeça desse meu amigo, perguntei se em uma situação hipotética em que ele estivesse perdido há um dia e meio no deserto do Saara, sozinho, sem água nem comida, desesperado de
fome e sede, e aparecesse um brutamontes sádico oferecendo água em troca de favores sexuais, o que ele,       enquanto heterossexual convicto e defensor ferrenho da bandeira machista, faria?
Ele baixou os olhos e disse: “Eu faria o que ele pedisse, você venceu, eu me corrompo por uma garrafa d’água, me prostituo até se for preciso!”
O segundo exemplo, era de uma amiga. Fiz os mesmos questionamentos da água, seguindo os mesmos raciocínios, e ela disse que preferiria morrer a ter que ceder às vontades do hipotético brutamonte.
Nessa hora perguntei como estava o irmão dela que estudava no colégio X, que saía todos os dias na hora tal de casa e chegava toda segunda-feira na mesma banca de revistas Y comprar figurinhas do álbum Z. Antes de eu terminar ela disse: “ok, faço o que tu pedir, mas deixa minha família fora disso!”

Quero dizer com isso que as pessoas, todas, têm seu preço. Uns corrompem-se por ganância, outros por necessidade e ainda uns poucos por falta de opção. E se os políticos não derem alternativa aos que querem se manter honestos?
Se você fosse juiz e lhe oferecessem uma maleta com R$ 100.000,00 para decidir a favor de um traficante e você dissesse não, certamente não
chegaram em seu preço ainda. E se aumentassem a proposta para R$ 500.000,00? E se na recusa aumentassem para um milhão?
Ora, sejamos francos, alguém que se presta a oferecer um milhão para comprar você, pagaria 50 mil para mandar matá-lo ou sequestrar um ente querido seu.
Quero apenas fazer pensar as pessoas que acham que são intocáveis e inatingíveis. Todos temos um ponto fraco, um preço, um motivo, uma necessidade...
Antes de condenar alguém, tente entender se essa pessoa fez por escolha e má índole ou se forçado pelas circunstâncias. Sempre existem três pontos de vista: O seu, o da outra pessoa, e o certo!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 20.09.2013 
Editado/corrigido por Thiago Severgnini
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

2 comentários:

  1. A indignação frente a atos de corrupção cada vez mais frequentes é porque os mesmos acontecem bem longe de situações extremadas como a de tarados com água em um deserto deserto. A integridade humana é frequentemente comprovada até como ato de heroísmo, o que não deveria ser porque é essencialmente isto que se espera do ser humano. Todavia pessoas se corrompem, roubam pela simples oportunidade de se apoderar do alheio tão somente pela oportunidade porque estes seres vivem apenas para satisfazer o animal a que está amarrado, Não possuem valores que conduzem uma conduta moral, ou seja, vivem para satisfazer a seus instintos mais primitivos. Os Poderes estão cheios de pessoas assim e, por consequência, estamos como estamos também por isso. Por mais absurdo que pareça, são admirados, tidos como referência, justificados pela circunstância: "no lugar dele você faria o mesmo". NÃO!!! A grande falácia de que "a ocasião faz o ladrão" talvez seja mais repulsiva que o próprio ato. A ocasião REVELA o ladrão, porque o mesmo já é.
    Não necessitamos de comprovar a nossa fragilidade diante da existência e sim de sermos mais conscientes de que as nossas decisões devem ser norteadas por valores éticos e morais, não pelo oportunismo. É isso que nos difere dos animais e é também isso que o Universo espera de nós. Manoel

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  2. jovem sábio. legal cara ! gostei.

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