Sempre relutei em escrever sobre saudades... Não sei se porque me provoca nostalgia, se por manifestar sentimentos tão contraditórios como felicidade e tristeza, falta e preenchimento, ou se simplesmente porque é difícil mesmo.
Mas nesses últimos dias - época de final de ano, natal, lembranças de família, fechamento de ano, planejamento de próximos - acabei caindo em suas graças e ela não só me abraçou, mas também segurou forte e apertou firme.
Nesse caso em especial lembrei-me do Maninho (Ricardo, para quem não conhece. Irmão que não resistiu à intensidade que impingiu à vida) e senti uma vontade enorme de poder conversar sobre o que estou passando, os sonhos que estão se realizando, a fase maravilhosa que estou vivendo, trocar ideias sobre planos, pedir conselhos sobre as pessoas que me cercam, comentar sobre músicas, tergiversar sobre o que esperar do futuro – principalmente tecnológico – ir junto a shows, ficar sentado vendo a chuva cair, falar e entender tudo apenas com um olhar e ser surpreendido com ideias criativas e pensamentos absolutamente inusitados sobre quase tudo, entre tantas outras coisas maravilhosas que fazíamos juntos.

É vontade de viver de novo algo que nunca mais voltará. É sentir o peito apertar e a garganta doer. Querer mais uma vez, pequena e efêmera que seja, fazer algo que nunca mais acontecerá.
Penso que não há saudade boa. Não pode ser bom algo que provoca sentimentos tristes e confusos na maioria das vezes. Sentir falta é doloroso.
Algumas pessoas dizem que é saudável. Já eu prefiro viver intensamente todos os momentos para não ter que ficar utilizando apenas a memória. Se afastar para curtir mais depois? A vida é uma só e é agora. O amanhã eu não sei e o hoje é o que eu posso fazer de melhor.
Sempre que ela me atormenta, não há como não pensar em como poderia ter feito diferente, curtido mais, vivido melhor esse ou aquele momento. E isso me dá mais estímulo para viver intensamente cada instante. Tanto que frequentemente canso as pessoas.

O ideal seria lembrarmos das coisas apenas com felicidade, sem vontade de reviver. Pensando que o que fizemos era o que de melhor poderia ter sido e focarmos sempre no agora.
Só que a vida não facilita, e quando percebemos estamos vivendo no passado e no futuro, e esquecemos do agora.
Desconheço alguém que não sinta a tal saudade e por convivermos com ela desde sempre, a consideramos normal e boa. Esse texto é apenas para sugerir a todos que a abandonem, lembrem das coisas boas sem a vontade de que acontecesse de novo, e busquem uma vida de felicidade plena, no agora.
E a minha parte? Bem... Ainda não sou tão maduro emocionalmente para tanto, mas estou no caminho e ao menos venho me esforçando. E você? Está aqui?
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 13.06.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.b
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