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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Saudades




Sempre relutei em escrever sobre saudades... Não sei se porque me provoca nostalgia, se por manifestar sentimentos tão contraditórios como felicidade e tristeza, falta e preenchimento, ou se simplesmente porque é difícil mesmo.
Mas nesses últimos dias - época de final de ano, natal, lembranças de família, fechamento de ano, planejamento de próximos - acabei caindo em suas graças e ela não só me abraçou, mas também segurou forte e apertou firme.
Nesse caso em especial lembrei-me do Maninho (Ricardo, para quem não conhece. Irmão que não resistiu à intensidade que impingiu à vida) e senti uma vontade enorme de poder conversar sobre o que estou passando, os sonhos que estão se realizando, a fase maravilhosa que estou vivendo, trocar ideias sobre planos, pedir conselhos sobre as pessoas que me cercam, comentar sobre músicas, tergiversar sobre o que esperar do futuro – principalmente tecnológico – ir junto a shows, ficar sentado vendo a chuva cair, falar e entender tudo apenas com um olhar e ser surpreendido com ideias criativas e pensamentos absolutamente inusitados sobre quase tudo, entre tantas outras coisas maravilhosas que fazíamos juntos.
É... Saudade é assim... Quando percebemos já estamos nadando em um mar de lembranças de todos os tipos. Somos transportados para lugares e momentos que não gostaríamos que acabassem.
É vontade de viver de novo algo que nunca mais voltará. É sentir o peito apertar e a garganta doer. Querer mais uma vez, pequena e efêmera que seja, fazer algo que nunca mais acontecerá.
Penso que não há saudade boa. Não pode ser bom algo que provoca sentimentos tristes e confusos na maioria das vezes. Sentir falta é doloroso.
Algumas pessoas dizem que é saudável. Já eu prefiro viver intensamente todos os momentos para não ter que ficar utilizando apenas a memória. Se afastar para curtir mais depois? A vida é uma só e é agora. O amanhã eu não sei e o hoje é o que eu posso fazer de melhor.
Sempre que ela me atormenta, não há como não pensar em como poderia ter feito diferente, curtido mais, vivido melhor esse ou aquele momento. E isso me dá mais estímulo para viver intensamente cada instante. Tanto que frequentemente canso as pessoas.
Esse transporte instantâneo para algum momento do passado, essa vontade de estar novamente com alguém, não deveria existir!
O ideal seria lembrarmos das coisas apenas com felicidade, sem vontade de reviver. Pensando que o que fizemos era o que de melhor poderia ter sido e focarmos sempre no agora.
Só que a vida não facilita, e quando percebemos estamos vivendo no passado e no futuro, e esquecemos do agora.
Desconheço alguém que não sinta a tal saudade e por convivermos com ela desde sempre, a consideramos normal e boa. Esse texto é apenas para sugerir a todos que a abandonem, lembrem das coisas boas sem a vontade de que acontecesse de novo, e busquem uma vida de felicidade plena, no agora.
E a minha parte? Bem... Ainda não sou tão maduro emocionalmente para tanto, mas estou no caminho e ao menos venho me esforçando. E você? Está aqui?

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 13.06.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.b

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