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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Não é o estupro




Essa semana muita gente ficou discutindo sobre estupro. 
Achei engraçado que no meio dessa discussão toda sobrou machismo pra cá, feminismo pra lá, coxinhas e pelegos e tudo mais que é "ofensivo" e poderia ser usado como rótulo depreciativo. 
Vi pessoas desfazendo amizades por não serem capazes de pensar diferente e coabitarem na mesma, pasmem, timeline. 
Uns dizem que foi estupro e defendem sua posição. Outros dizem que não foi e defendem outro aspecto. 
Pelo que eu entendi, a maioria das pessoas que era "a favor" do estupro, entendeu que a menina não foi estuprada. 
Ela trocou sexo por drogas, com uma turma que já tinha feito isso antes. A própria mãe da menina disse que demorou para acontecer e que sabia que a menina já havia trocado sexo por drogas com 5 meninos. 
Soma-se isso ao contexto todo do local, da turma, do horário, da companhia, etc. 
Isso significa então, ao menos para a polícia e para metade das pessoas, que não foi estupro e que a menina, para sacanear ou porque viu que havia sido exposta na nuvem, resolveu alegar estupro. 
O que me deixa desconfortável com isso tudo é um cara postar uma foto visivelmente tranquilo, ou seja, não era alguém desequilibrado ou daquelas pessoas que habitualmente percebemos não fazer parte de um bom convívio social e ainda assim, mesmo com 30 testemunhas dizendo algo, por uma pessoa dizer outra totalmente diferente, ela estava certa e todos os outros errados. 
Agora pense comigo. Digamos que essa menina não foi mesmo violentada (e considero esse um dos mais bárbaros crimes existentes. Que fique claro que sou veementemente contra qualquer tipo de abuso ou violência contra qualquer pessoa) o que acontece com as 30 vítimas? 
Pense mais longe então, nos precedentes que isso abre. 
Se depoimento não vale, qualquer mulher pode ter sexo selvagem com alguém e incriminar outra pessoa. Basta que a mesma não tenha um álibi sólido. 
Isso é um absurdo! 
E reitero. Não sou a favor do estupro e não estou afirmando que ela não foi estuprada. Estou trazendo fatos e uma reflexão quanto a tendenciosidade da justiça brasileira. 
Ninguém que está defendendo a pobre moça sequer considerou que ela possa ser alguém sem amor próprio, sem valores. Uma daquelas mulheres "da pá virada" e que goste de sexo grupal com 30 homens e que depois de aproveitar todos eles caiu cansada em êxtase e por efeito das drogas que seriam seu pagamento? 
É preciso ver os dois lados sempre. 
E quem defende que ela não foi estuprada, já pensou que se de fato ela o foi, como deve ser o procedimento agora? 
O que precisa ser feito para evitar que se repita tamanha atrocidade? Qual a maneira de coibir e punir esses 30 estupradores? 
O que deve estar passando na cabeça da menina? 
Independentemente de sua posição isso não deve, sob hipótese alguma, prejudicar qualquer laço social ou pessoal. O mundo é cheio de opiniões diferentes e aceitá-las faz parte da civilidade. 
Inadmissível que não consigamos dialogar em pleno século 21. 
Falta empatia e humanidade para os humanos.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 04.06.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

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