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terça-feira, 9 de junho de 2015

Não mereço ser estuprada!





Algum tempo atrás rolou na internet uma campanha com o nome do título desse texto. O que fomentou todo esse alvoroço foi o resultado de uma pesquisa onde 65% da população brasileira (homens e mulheres) concordam, totalmente ou em partes, que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
Daí, como sempre, a massa ignorante pega a informação rasa e faz um alvoroço sem sequer ponderar e refletir a respeito. Ridículo! Depois ainda me chamam de anarquista e reacionário. Mas deixem de ser ignorantes e comecem a pensar que eu paro de surtar.
Vamos lá, iniciemos observando sobre o que está em jogo. É ululante que mulher alguma merece ser estuprada. Isso chega a ser ofensivo a qualquer inteligência. O estupro é algo que vai léguas além do aceitável.
Mas a campanha é mais profunda e reclama transformações mais drásticas no comportamento social.
Vejam, a campanha tem fundamento e absolutamente com sentido. Fala de homens que assediam mulheres em tudo que é tipo de lugar e das mais variadas formas, como “encoxar”  no ônibus, passar a mão na bunda, ficar provocando com vulgaridades, tentar agarrar a força e por aí vai.
Tudo isso é ultrajante, absurdo e certamente não deveria acontecer. Não deveríamos, aliás, sequer estarmos discutindo a respeito de tão agressivo que é. Ou seja, apoio a campanha e concordo com todos os termos.
O que não aprovo e não concordo é o fato de as mulheres não se darem ao respeito e quererem que as respeitemos. Vestem-se como prostitutas e querem ser tratadas como damas.
Andam seminuas e querem que os homens não as fiquem olhando e as vezes ainda perguntam o que os homens estão olhando (claro que se ele fosse bonitão e/ou ricão e/ou gostosão ela não perguntaria).
Já expliquei aqui antes sobre a coerção social. Todos sabemos que a sociedade é coercitiva. Ou seja, cria certas regras e todos as seguem. E quem não faz é sumariamente expurgado.
A própria sociedade definiu que determinados tipos de roupas e atitudes não são aceitas ou bem vistas pela grande maioria.
Essas pessoas todas fazem parte da mesma sociedade e sofrem os mesmos efeitos coercitivos, ou seja, tem introjectados em suas mentes a mesma mensagem do que é certo e do que é errado. O que deve e o que não deve ser feito. O que é aceito e o que não é.
Posar para fotos seminua, sem nada na parte de cima apenas com as mãos tapando, para a sociedade atual machista e conservadora, é coisa de revista pornográfica. E as mulheres que fazem isso também sabem que esse tipo de comportamento não é exemplar e muito menos comportado.
Sabedoras da não aceitação social desse tipo de conduta, ainda assim dispõe-se a afrontar todo um conceito, afinal de contas a mensagem a ser passada, independente do que digam e ela está cada vez mais clara a cada dia que passa é: quero sexo.
Muitas aproveitaram a oportunidade para ousarem e explorarem o exibicionismo que sempre quiseram, tirando a roupa e postando fotos seminuas sem que outros tenham coragem de repreendê-las.
E o sexo está banalizado. Os homens sempre foram doutrinados a serem os caçadores, a prospectarem sexo e fazerem na maior quantidade e com a maior masculinidade possível. E tradicionalmente era função das mulheres oferecer resistências. Agora elas não resistem mais, ou praticamente não resistem, e isso transformou a atual realidade social em uma orgia descontrolada. Quando dois querem, todos fazem.
As mulheres andam com bermudinhas que mostram bem mais do que apenas a polpa do bumbum, saem sem calcinha e de vestido, mostram as partes íntimas sem pudor algum, saem sem sutiã com blusas transparentes e querem que instantaneamente os homens as tratem com respeito sendo que eles ainda estão presos lá na arcaica sociedade machista do século passado.
Não é apenas a roupa, é a postura, o jeito, as insinuações, as provocações. Para a sociedade se você provoca, é porque quer briga. As mulheres provocam e não querem ser assediadas?
É evidente que o que está errado é o nível de assédio. O que os homens estão fazendo hoje não é, absolutamente, aceitável. Mas o que elas “dizem” que querem, que é o zero de assédio, jamais acontecerá se as roupas e os comportamentos não forem readequados.
Portam-se como prostitutas, vestem-se como prostitutas, maquiam-se como prostitutas e não querem ser tratadas como prostitutas.
Não tenho absolutamente nada contra as prostitutas, inclusive sei de muitas que se portam melhor que muita madame de requinte em sociedade. Sabem separar as coisas e entendem que lá é local de se permitir esse tipo de atitude, não na rua.
A necessidade de esfregar na cara da sociedade que possui coragem e ousadia para fazer o que quiser está fazendo com que os homens tratem todas as mulheres como objetos, salvo raras exceções e sempre, necessariamente, de mulheres que “se dão ao respeito”.
Isto vindo de alguém que embora reconhecidamente ainda machista é pouco conservador e ortodoxo, realmente preocupa.
O que fica então é a máxima de sempre: “quer respeito, se faça respeitar”.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 25.04.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

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